“O desenho pode ser tido como um gesto positivo sobre um plano negativo – como a cor, o traço e a linha que marcam uma folha de papel em branco. A artista paulista Marcia de Moraes sempre desenhou e, num dado momento, começou a reparar menos naquilo que estava traçando, para voltar sua atenção às lacunas que se criam naturalmente quando se preenche o papel com lápis de cor. Aos poucos, ela foi dando mais importância a espaços intermediários e esses feixes foram ganhando corpo e se tornando os protagonistas dos trabalhos. “Percebi que esses espaços, que começaram como chuviscos nas partes coloridas, poderiam ter mais destaque”, ela diz. “São linhas que podem se direcionar para todos os pontos do papel, e isso fez com que o desenho ganhasse outro movimento”. Os espaço brancos passaram a ser, então, os criadores das formas que, como a artista gosta de ressaltar, tem fundo figurativo: línguas, dentes, tentáculos, folhas secas e formas nucleicas, em que a impressão de abstração decorre da aglomeração dos campos cromáticos. (…)”