Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes: Um de Três
Este projeto foi contemplado pela Funarte no Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2011 – Galerias Funarte de Artes Visuais, São Paulo.
Na exposição Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes: Um de Três, as artistas apresentam obras inéditas e criadas especialmente para a ocasião. A mostra estabelece diálogos formais e conceituais entre os trabalhos individuais das três artistas e é composta de vídeos, colagens de fotografias e desenhos.
As artistas assumem como ponto de convergência de seus trabalhos a maneira como cada uma aborda o tema do “corpo”. Verifica-se nos trabalhos de Carla Chaim, Julia Kater e Marcia de Moraes, a presença ou sugestão de um “corpo”: um corpo nu, um corpo de dentro para fora, um corpo encarnado e em movimento, um corpo implícito, um corpo misterioso, um corpo deslocado ou sugerido, um corpo escondido, um corpo que se movimenta, um corpo que se esconde sob o céu.
No trabalho de Carla Chaim, o corpo produz uma ação, por vezes se mostra nu e se torna seu instrumento de trabalho. A artista cria ações com o corpo e as torna explícitas. Suas obras envolvem o corpo não apenas como material de trabalho formal, mas sim de discussão conceitual. Ela o utiliza como objeto vivo, com seus limites e intenções, relacionando-o com a paisagem e a cidade, criando os caminhos e os deslocamentos para este corpo. Seu trabalho se constitui no percurso, entre o início e a forma final, dando sempre espaço para o improviso e para o acaso. Muitas vezes os resultados finais são o próprio procedimento de elaboração do trabalho ou sua própria documentação.
Julia Kater propõe um corpo sem identidade, um corpo capturado andando, desconhecido. Um corpo apenas físico que não se dá conta de que está sendo fotografado. Um corpo em movimento que depois tem sua história recontada pela artista. Expansão da corporeidade onde a cabeça/mente tomada por um céu se materializa em diversas cores. Este alterna na ambigüidade entre “totalidade” e “vazio”. O vazio retira o protagonismo dos personagens, que assim se transformam em corpo, em massa, em coisa.
Nos desenhos de Marcia de Moraes o corpo é visto por dentro, mostra suas entranhas, veias, órgãos. Um corpo que se torna paisagem vermelha. O corpo orgânico, humano, se transforma num corpo desconstruído, abstrato e inventado. Cores tomam conta do papel e o contaminam com tons fortes de variações de magenta. Representações de órgãos, carnes e pedaços de corpos são quase imperceptíveis em um primeiro olhar. O que é forma, riscada fortemente com grafite, escorrega pelo papel, lembrando um corpo que cai. Moraes busca as contradições de representar numa mesma obra “o belo” e “o estranho”.
Para a exposição da FUNARTE, Carla Chaim apresenta um novo vídeo em projeção em 3 canais, no qual utiliza seu próprio corpo como meio. Julia Kater mostra 3 fotografias/colagens de grandes formatos, em que há ou ausência de corpo, ou um corpo sendo incorporado, engolido pela paisagem. Marcia de Moraes mostra três desenhos de grandes formatos, sendo um díptico, e todos se relacionam pela presença da cor vermelha e suas variações de tons, fazendo sempre uma referência direta à um olhar para dentro das entranhas de seu próprio corpo.
Vista Geral da exposição Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes: Um de Três, Prêmio FUNARTE de Arte Contemporânea, Galeria Flávio de Carvalho, Complexo Cultural Funarte, 2011, São Paulo. Foto: Ding Musa.
(Exhibition Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes: Um de Três, Prêmio FUNARTE de Arte Contemporânea, Galeria Flávio de Carvalho, Complexo Cultural Funarte, 2011, São Paulo. Photo: Ding Musa.)
Vista Geral da exposição Correspondance Brasilienne , Saint Clair Cemin, 2011, VL Contemporary, Paris.
(Exhibition View Correspondance Brasilienne , Saint Clair Cemin, 2011, VL Contemporary, Paris.)
Vista Geral da exposição À Deriva no Azul, Carpe Diem Arte e Pesquisa, 2011, Lisboa, Portugal. Foto: Fernando Piçarra.
(Exhibition View À Deriva no Azul, Carpe Diem Arte e Pesquisa, 2011, Lisboa, Portugal. Photo: Fernando Piçarra.)
